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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O grande abismo

Terminei de ler mais um livro do grande C. S. Lewis, "O grande abismo". Não posso falar exatamente do que se trata porque, embora eu tenha percebido, só dá para ter certeza do que se trata já no fim mesmo. Não me aguentando, só adianto que se relaciona com com o estado do homem sem Deus ou com Ele. Aí vão algumas passagens interessantes:

    "Não só o crepúsculo naquela cidade, mas toda a sua vida na terra também, será vista então pelos condenados como sendo o Inferno. É isso que os mortais não entendem. Eles dizem a respei¬to de um sofrimento temporário: ‘Nenhuma bênção futura poderá compensar-me disso’, sem saber que o Céu, uma vez alcançado, irá operar retroativamente e transformar até mesmo essa agonia em glória. E quanto a algum prazer pecaminoso dizem: ‘Deixe-me ter apenas isso, e aceito as conseqüências’: sem ter idéia de como a condenação retrocederá para o seu passado e irá contaminar o prazer do pecado. Ambos os processos começam mesmo antes da morte. O passado do homem bom passa a modificar-se de forma que seus pecados perdoados e sofrimentos lembrados tomam a qualidade do Céu; o passado do homem mau já se conforma à sua maldade e está cheio apenas de miséria. É por isso que, no fim de todas as coisas, quando o sol nascer aqui e o crepúsculo se trans¬formar em trevas lá, os Santos dirão: ‘Jamais vivemos em lugar al¬gum exceto no Céu’, e os Perdidos, ‘Sempre estivemos no inferno’. E ambos estarão falando a verdade.”

    “O sensual, começa perseguin¬do um prazer real, embora pequeno. Seu pecado é pequeno. Mas chega a hora em que, embora o prazer diminui sempre e o desejo cresça cada vez mais, e embora ele saiba que a felicidade jamais é alcançada dessa forma, mesmo assim prefere à alegria a simples carícia da luxúria insaciável e não pode admitir que isso lhe seja negado. Lutaria até a morte para mantê-lo. Gostaria de poder co¬çar-se, mas mesmo quando não pode coçar prefere mesmo assim manter o desejo de fazê-lo.”

    “Houve homens que se interes¬saram de tal forma em provar a existência de Deus que acabaram se desinteressando por completo do próprio Deus... como se o bom Senhor nada tivesse a fazer além de existir! Houve alguns tão ocu¬pados em espalhar o cristianismo que jamais deram um pensamen¬to a Cristo. Amigo! Você pode ver isso nas pequenas coisas. Você já conheceu um amante de livros que com todas as suas primeiras edições e obras autografadas tivesse perdido o poder de lê-Ias? Ou um organizador de obras de caridade que perdesse todo amor pelos pobres? Trata-se da mais sutil de todas as armadilhas.”

    “Só há duas espécies de pessoas no final: os que dizem a Deus, ‘Seja feita a Tua vontade’, e aqueles a quem Deus diz: A tua vontade seja feita.”

    “Os que odeiam o bem estão algumas vezes mais perto do que os que nada sabem a respeito dele e julgam conhecê-lo.”

    “Não é possível amar um semelhante perfeitamente até que se ame a Deus.”

    “Só existe um único ser bom, e esse é Deus. Tudo o mais é bom quando olha para Ele e mau quando se afasta dEle.”

    “Mas o que chamáva¬mos de amor lá embaixo era quase que só o desejo de ser amado. Em grande parte amei você por mim mesma, porque precisava de você.”

    “A compaixão deveria ser um estímulo para levar a alegria a ajudar a miséria. Os que escolhem a infelicidade podem matar a alegria, através da compaixão.”

    “Todavia, toda solidão, ira, ódio, inveja e desejos nele contidos, se combinados numa só experiência e colocados na balança em oposição ao menor momento de gozo sentido pelo menor de todos no céu, não teria peso algum que pudesse ser registrado.”

    “Em primeiro lugar eles não querem, e no fim não podem abrir as mãos para receber as dá-divas, a boca para serem alimentados, ou os olhos para ver.”

    “Somente o Maior de Todos pôde tomar-se suficientemente peque¬no para entrar no inferno”.

Fica a dica de leitura.

Dicotomia

                                                          INTRODUÇÃO
    Há vários pensamentos acerca da constituição do homem, como o monismo, que entende que o homem é formado unicamente de um elemento (corpo), e da tricotomia, que entende que há três elementos, a saber, corpo, alma e espírito. Contudo, cremos na dicotomia, ou seja, que há apenas dois elementos: corpo e alma, também chamada de espírito.
    Os termos usados comumente na Bíblia, em hebraico e em grego, para designar os elementos constitutivos dos homens, são bãsãr, soma, corpus (corpo) e nishma’, ruwach, nefesh, psychê, pneuma, animus (mente, alma, ânimo, espírito). Veremos que o último grupo fazem referência à alma e espírito como sendo o mesmo elemento. Contudo, não me deterei nos aspectos lingüísticos dos termos.
    Vejamos, portanto, alguns argumentos bíblicos que nos mostram que a opção mais coerente é a crença na dicotomia.

                                                            ARGUMENTOS
1.    O primeiro ponto a destacar é que no relato da criação (Gn 2.7 ) vemos apenas dois elementos em destaque: o corpo, formado do pó da terra, e um elemento espiritual quando Deus soprou fôlego de vida, tornando o homem alma vivente. “Alma”, aqui, não é um elemento distinto, mas liga-se ao termo “vivente”, sendo o designativo da própria vida advinda do sopro.

2.    No que diz respeito à morte e ao estado da alma imediatamente após a morte: a morte é descrita como entrega da alma (Gn 35.18; At 15.26) e também como entrega do espírito (Sl 31.5; Lc 23.46). Ver ainda Ec 12.7; 2 Co 5.4-8; Fp 1.23,24; At 5.59.

3.    Os tricotomistas defendem que a alma é a sede das emoções, intelecto e vontade. Vêem o Espírito como o elemento que nos liga à Deus. Portanto, se fosse possível mostrar que a Bíblia sempre faz essa distinção, eles poderiam provar sua teoria, mas não é possível, pois, como veremos, os termos são sados um pelo outro:
•    Jo 12.27 e 13.21 falam dos dois (espírito e alma) angustiando-se, assim como Lc 1.46,47.
•    O espírito tem emoções: Jo 13.21; Pv 17.22; O espírito tem intelecto: Mc 2.8; Rm 8.16; 1 Co 2.11.
•    A alma se relaciona com Deus: Sl 25.1; 62.1; 103.1; 146.1; Lc 1.46. O espírito não é mais puro que a alma, pois pode pecar: 2 Co 7.1; 1 Co 7.4; Sl 78.8; Dn 5.20.; Pv 16.2.
•    Vê-se que tanto uma como outra são usadas para designar a sede das faculdades racionais (Mt 10.28; 16.26; 1 Pe 1.22). Ambas também são empregadas para se referir ao princípio vital do corpo (Tg 2.26).
•    Pessoas falecidas são chamadas tanto por um como por outro termo (At 2.27,31; Ap 6.9; 20.4; Lc 24.37,39; Hb 12.23; 1 Pe 3.19).

4.    Quanto a passagens em que apresentam os três termos juntos e aparentemente distintos uns dos outros, é usado o paralelismo, que é uma idéia repetida usando termos diferentes. Vejamos:
•    Dt 6.5: “Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças”. Vemos aí vários termos, mas, coração, alma e forças são a mesma coisa no texto. Se coração fala da fonte dos sentimentos e este é um atributo da alma (GINGRICH, 1984, p. 226), seguindo a interpretação tricotomista, há um problema para resolver, pois são duas coisas distintas (alma e coração) com a mesma função!
•    Hb 4.12: “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração”. Ela diferencia pensamentos e intenções do coração (intelecto e vontade). O texto fala de aspectos da alma, não de coisas diferentes. A palavra psychê se refere à alma humana, acentuando sua qualidade como o princípio vital do homem. A palavra pneuma se refere à alma, acentuando sua qualidade racional. Contudo ambas se referem à mesma alma.
•    1 Ts 5.23: “Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Assim como Hb 4.12, não fala de três partes. Vemos mais um caso de paralelismo, assim como vemos em Mt 22.37 “Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’”. Nem precisamos falar do coração, basta ver que entendimento, sendo na visão tricotomista como sendo componente da alma, estaria repetindo a idéia de alma com outra palavra, usando, portanto, três termos para falar de uma única coisa.

5.    Há textos que mostram o homem como constituído tanto por corpo e alma quanto por corpo e espírito: (Mt 10.28; 1 Co 5.5; Tg 2.26; 1 Co 5.3; 7.34; 2 Co 7.1; Rm 8.10; Cl 2.25).

6.    Pitágoras e Platão, seguidos pelos demais filósofos gregos e romanos defendiam a tripla constituição do homem: espírito racional (nous, pneuma, mens), alma animal (psychê, anima) e corpo (corpus, soma). Assim, Paulo pode estar falando muito mais falar em uma linguagem popular aos que tinha essa cultura helenística, usando os três quando queria fazer menção da totalidade do homem (1 Ts 5.23; 1 Co 15.44; ver também Hb 4.12). Essa criação do elemento espírito pelos gregos se devia à visão de que o corpo e alma são ruins, “pecaminosos”, necessitando-se, assim, de um elemento puro para a ligação com os deuses.

7.    Os tricotomistas dizem que é o Espírito que se relaciona com Deus, portanto, não há participação da mente/intelecto, mas isso é uma visão baseada no misticismo, e não é o que a bíblia expressa. O Espírito Santo convence, isso se dá na mente. Devemos nos transformar pela renovação da mente. As pessoas se relacionam usando o coração que é o mesmo que alma e espírito. A mente é elemento fundamental no cristianismo .

8.    Eles também dizem que os animais tem uma alma rudimentar e o que diferencia o ser humano é a existência do espírito. Contudo, se é na alma que está o intelecto e a vontade e não se pode provar a afirmação da existência de mais de um tipo de alma, então os animais deveriam possuir estes atributos, além de terem um elemento imortal (alma). Ec 3.21: “Quem pode dizer se o fôlego do homem sobe às alturas e se o fôlego do animal desce para a terra?” Esse texto pode se referira uma compreensão da existência espiritual eterna do homem, enquanto os animais não a tem .
                                                           
                                                               CONCLUSÃO
     Desta forma, não há possibilidade de aceitação da composição do homem em três elementos distintos, tricotomia, pois os parcos textos que apoiariam esse pensamento (apenas dois) são, na melhor das hipóteses, muito contestáveis e inconclusivos, especialmente quando se observa o paralelismo.
     Por sua vez, os textos que falam da criação, da morte e do estado do estado da alma logo após a morte, os termos usados um pelo outro e a impossibilidade de mostrar biblicamente que há três elementos e que o corpo, a alma e o espírito teriam funções distintas e bem definidas, provam que não é possível provar biblicamente a existência de três elementos, distinguindo-se espírito e alma.
    Quanto ao monismo, apesar de o Antigo Testamento, à primeira vista parecer falar do homem como apenas corpo, ele na verdade ressalta em diversas passagens a existência de um elemento imaterial, Vê-se no judaísmo a crença neste elemento. Contudo não abordarei aqui essa visão, que é ainda mais claramente refutada pela bíblia.
    Lembro que não se pode fazer doutrina com apenas um (ou dois) versículos, mas à luz do que diz toda a Escritura Sagrada. A tricotomia se apóia apenas no pensamento grego e em dois versículos bíblicos.

                                                               REFERÊNCIAS
•    GRINGRICH, Wilbur & DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento grego/português. 1ª ed. Trad. Júlio P. T. Zabateiro. São Paulo: Vida Nova 1984. 228 p.
•    COENEN, Lothar & BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 1. 2ª ed. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova: 2000. p. 69-79; 713-720.
•    BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990. p. 181-187.
•    GRUNDEM, Wayne. Manual de Teologia Sistemática: uma introdução aos princípios da fé cristã. Trad. Heber Carlos de Campos. São Paulo: Vida, 2001. p. 207-212.
•    ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. Trad. Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 1997. p. 227-233.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Salmos 119.105

    O Salmo 119.105 diz "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho", mas o que isso significa? Creio que é possível entender o que disse o salmista se o colocarmos à luz do que Jesus disse em Jo 3.19-21:
    "E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus".

    Jesus diz que Ele, a luz, veio ao mundo, mas os homens o rejeitaram porque suas obras eram más. Isso porque a luz mostra o que está oculta nas trevas, e os homens que fazem más obras não querem ser confrontados ao vê-lasreveladas.
    Jesus também diz que quem pratica a verdade vem para a luz para que se veja que suas obras são feitas em Deus.
    Agora, o que isso tem a ver com o Salmo 119.105? Simples:
    Quem busca viver sua vida pautado nos preceitos de Deus precisa de algo que lhe oriente se está ou não andando no caminho certo. De acordo com esse salmo, é a Palavra de Deus quem mostra o caminho que se está seguindo. Ela é quem diz se estamos no caminho certo ou errado, por isso, precisamos conhecê-la, meditar nela constantemente para nos avaliar.
    Creio que isso pode ser confirmado pelo que nos diz o Salmo 119.104: "Pelos teus preceitos alcanço entendimento, pelo que aborreço toda vereda de falsidade". São os mandamentos do senhor que nos dão sabedoria de andar pelo caminhos certos e detestar e se afastar dos maus caminhos.
    Isso foi o que fez nosso irmão Jó: porque amava e buscava a Deus, se desviava dos maus caimhos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

1 Pedro (Parte I)

    Esse é início do estudo da Primeira Carta de Pedro, transmitida ao vivo na rádio FM 87.9, Litoral Norte (www.litoralnorte.fm.br) transmitido todo domingo das 22h00min às 23h00min.
    A Primeira Carta de Pedro foi escrita a Cristãos que estavam sofrendo perseguição e que, por isso, podiam fraquejar na fé. O Apóstolo Pedro escreveu a fim de lembrar todos os benefícios dados por Deus por meio de Cristo, bem como lembrá-los das preciosas promessas dadas a Eles. Também visa disciplinar a conduta deles no que tange a relação uns com os outros, bem em relação a sãs obrigações enquanto cidadãos.
    Acredita-se que as perseguições que a Pedro se refere foram desencadeadas pelo imperador romano, Nero, por volta do ano 60 d.c.
    Porque os cristãos foram perseguidos por Nero? Conforme os registros históricos, ao que parece, Nero tinha grande desejo de reconstruir a cidade de forma grandiosa, mas para isso precisava destruí-la primeiro. Ele, então, mandou atear fogo em Roma, que realmente foi destruída e posteriormente reconstruída conforme o gosto de Nero. A culpa recaiu sobre o Imperador, que, para desviar a ira do povo, acusou os cristãos do crime.
    Parece difícil de acreditar que as pessoas caíram no engano, ma havia motivos suficientes para que a mentira fosse aceita como verdade:
1. Os judeus não eram queridos no império, e os cristãos eram considerados seita judaica;
2. A Santa Ceia era fechada aos membros, que, segundo se contava, comiam a carne e bebiam sangue de Cristo. Não sabiam que era simbolismo, e por não terem acesso à Ceia, pensavam ser algo literal, atribuindo aos cristãos a fama de canibais.
3. A Ceia era chamada de festa ágape, festa do amor, havia, inclusiva, ósculo (beijo) santo. Pelo mesmo motivo anterior, as pessoas pensavam se tratar de orgias, considerando os cristãos de libertinos;
4. O cristianismo era acusado de dividir famílias. Isso não era novidade, o próprio Jesus dissera que isso ocorreria a que O seguisse. Os que aderiam à fé não aceitavam nem praticavam a mesma conduta de seus irmãos e patrícios, causando grande confusão;
5. Os cristãos pregavam que Deus julgaria o mundo no fim dos tempos e o faria com uso de fogo. Portanto, parecia que eles teriam provocado o incêndio para “cumprir” suas palavras.
6. Outro motivo era que havia prosélitos em Roma, ou seja, pessoas de linhagem não judaica que se converteram ao judaísmo. Muitas dessas pessoas eram da alta classe, portanto, tinham influência. Eles fomentavam tal perseguição incentivados e guiados por mestres judaicos.
    Algumas maneiras de perseguir os cristãos era expropriando, prendendo e até mesmo matando. Essas mortes se davam por diversos métodos, tais como crucificá-los, os cobrirem de piche fazê-los tochas humanas; costuravam a pessoa em pele de animais e soltavam os cães para comê-los vivos; colocavam em óleo fervente.
    A perseguição, inicialmente, era pela acusação de incêndio, mas posteriormente o simples fato de ser cristão era considerado crime. Essa perseguição se estendeu por todo o império.
Há discordância entre os estudiosos se, primordialmente, os destinatários eram cristãos judeus ou gentios.
    Uma maneira de dividir o texto é a seguinte:
1. Cap. 1.1-2.10 Consolidar os cristãos trazendo reconhecimento da grandiosa salvação, mostrando a glória vindoura, e exortando à firmeza ante as ameaças vindouras.
2. Cap. 2.11-4.6 lembrança de viver a vida cotidiana com base na fé.
3. Cap. 4.7-5.14 ensino acerca do correto relacionamento dos indivíduos com a igreja.

1 Pedro 1.1-5
1. Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos peregrinos da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia.    Pedro fala literalmente de forasteiros, pessoas que estão longe de sua terra. Isso parece dar margem para crer que se refere a cristãos judeus que estão vivendo longe de Israel. Essas são Províncias romanas.
Lembramos, quando vemos o termo “forasteiros”, da Carta aos Hebreus, quando os cristãos são para Somos forasteiros, nossa pátria não e aqui: “Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a vindoura”. O próprio Pedro chama os cristãos de forasteiros em 2 Pe 2.11: “Amados, exorto-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências da carne, as quais combatem contra a alma”. Por isso Jesus diz em Jo 15.19: “Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia”.
    Os cristãos devem viver nesse mundo de acordo com os valores eternos de Deus, portanto, como se já estivéssemos no Reino vindouro

2. Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.
    Aqui não discutiremos acerca da controvérsia da “eleição X predestinação”. Contudo, temos muitas outras coisas excelentes e proveitosas para analisar.
    Qual a maneira de entrar em comunhão com Deus, visto que somos naturalmente Seus inimigos (Fp 3.18; II Tm 3.3; Cl 1.21; Rm 5.10), como podemos ter paz com Deus? Por meio do Espírito Santo, que nos dá nova vida (Ef 2.5), e nos justificou por causa da morte vicária de Jesus (1 Co 6.11). Santificar é nos separar do uso comum para uso exclusivo de Deus. Nossa vontade era escrava do pecado, do Diabo e do mundo, mas foi liberta para sermos apenas de Deus.
    Para que Ele nos santifica? Ele nos separa para Deus com uma finalidade: “obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”.
    Há, conforme vemos no antigo testamento, três situações em que o sangue era aspergido: quando o leproso era purificado (Lv 14.1-7); quando havia a consagração de sacerdotes (Ex 29.1-44) e principalmente quando foi firmada a aliança entre Deus e Israel (Ex 24.8). O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado (1 Jo 1.7) e nos separa para sermos reis e sacerdotes (Ap 5.10). Contudo, ao que parece, Pedro está se referindo especificamente ao sangue de Cristo por meio do qual Deus firma a nova aliança, conforme 1 Co 11.25a: “Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue”. Essa aliança traz deveres para nós, por isso não é apenas a aspersão, trazendo benefícios, mas também deveres.
    Pedro, então, deseja que sobre eles sejam multiplicadas graça e paz da parte de Deus. É uma saudação que mostra de onde vêm essas dádivas, bem como diz que eles já as tinham. Pedro sabe que eles precisam, pois estavam passando por grande sofrimento. Deus tem aquilo que Eles precisavam para suportar: Sua graça e paz.

3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo:
    No antigo testamento Deus é conhecido por “Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”, agora, Ele se revela por meio de Jesus, sendo conhecido pelo Seu maior grau de relacionamento: Pai de Jesus. É a esse Deus, que nos deu Seu próprio filho por meio de quem Ele nos deu toda sorte de bênção espirituais (Ef 1.3), que Pedro bendiz, exalta, agradece. Mas por quais motivos Pedro agradeceu?
a) Que segundo a Sua muita misericórdia nos regenerou.
Ele nos deu nova vida, não por nossos méritos, mas por quem Ele é, por causa de Sua misericórdia. Misericórdia significa que Ele não nos deu aquilo que merecíamos (castigo, punição, ira, morte). A nova vida que Ele nos dá traz duas coisas:
•    Para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.
É uma esperança que não morre, que capacita a atravessar confiante e perseverantemente as adversidades. Foi por causa da ressurreição de Jesus que temos essa esperança. Ele sofreu e morreu, mas por ser justo, Deus o ressuscitou dos mortos e assim Ele é nosso sumo sacerdote intercessor e tem o poder de nos salvar e nos ressuscitar.
Como disse alguém: “Só as grandes promessas de Deus nos consolam”.
•    1.4 Para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para nós.
Somos herdeiros e já desfrutamos da mesa do Pai, mas ainda não recebemos plenamente a herança. Pedro nos diz como é essa herança dizendo aquilo que ela não é: ela não se acaba; não se desfaz; não é contaminada, ou seja, usada de modo errado; não perde seu valor, sua beleza; está guardada no local mais seguro, onde ninguém pode roubar (Mt 6.19,20; Lc 6.13; 18.22).
    A herança de Israel foi contaminada pelo pecado, ficou sujeita à fúria da natureza e dos homens, contudo, a do Cristão é superior (Hb 8.6,13 ; 9.15; 12.28; 2 Pe 1.4). A herança é o próprio Deus, conforme vemos em Sl 16.5.
b) 1.5 Que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.
    Não só a herança está guardada, mas os herdeiros também. Aquele que guarda é Deus, mediante nossa confiança nEle. A salvação já é certa, mas ainda não é plena, por isso ainda precisamos ser guardados. Deus age como sentinela, guardando, mesmo que não possamos ver, se algo passar para nos afligir, é porque Ele permitiu ((Sl 18.2; 28.8; Jó 1).
    As coisas desse mundo não têm valor, pois terão fim, por isso não podemos nos deixar seduzir. Disso Deus também nos guarda (1 Jo 2.15,16).  Ele nos salva do poder do pecado, da morte, do Diabo e da ira divina.