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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SEGUNDA CARTA DE PEDRO (PARTE II - CAPÍTULO 2)

    No capítulo 2 de sua segunda carta, Pedro fala acerca dos falsos mestres. No final do capítulo 1 Pedro falou acerca dos homens (profetas) de Deus, que falaram inspirados pelo Espírito Santo, e cuja mensagem passaram a fazer parte das Escrituras Sagradas. Contudo, o capítulo 2 se inicia com a lembrança de Pedro de que, mesmo na antiguidade, em Israel, juntamente com os profetas de Deus, que anunciavam Sua Palavra, apareceram também falsos profetas que falavam em nome de Deus, mas cuja mensagem não provinha dEle.
    Vejamos, então o que o Apóstolo nos diz acerca desses homens quanto a seu caráter, suas obras e seu fim.
1. Caráter:
a) Farão das pessoas, negócio, movidos por ganância e com palavras fingidas (v. 3). Querem ter o lugar de Cristo, põe a si mesmo no pedestal, ensinando suas opiniões ao invés da verdade do evangelho. Seu método é a astúcia. Eles só visam o que podem ganham do povo, por isso, falam o que o público quer ouvir, mesmo que seja a mentira. Será que não vemos isso acontecer nos dias de hoje? Até as músicas cantadas só fazem adular o ego das pessoas, não se fala em juízo ou arrependimento, por exemplo. Por que é assim? Por ganância. As palavras fingidas servem para ganhar dinheiro. As pessoas querem músicas que lhes dê certeza da resolução do problema, que lhes dê animo para “vencer”.
b) Seguem a carne, andam em imundas concupiscências, e desprezam toda autoridade. Pedro diz que são pessoas Dominadas por seus desejos. Tal qual animais, guiados pelo instinto, acabam caindo em armadilhas e findam morrendo. Eles também se guiam por sua natureza decaída, são dominados pelos desejos deste mundo (2 Jo 2.15-17).
c) São atrevidos, arrogantes, não receiam blasfemar das dignidades (10b-11). Quantos líderes não temos visto no Brasil se auto-concederem títulos (isso pode ser visto em Jz 17-18), arrogando algum tipo de revelação especial de Deus para isso. Se auto-intitulam Bispos, então outros, para se colocaram acima destes se dizem Apóstolos. Depois aparecem os que, para serem o topo do top, se dizem consagrados pelo próprio Deus como “pai-póstolo", o único com autoridade para consagrar apóstolos. Ou seja, Deus delegou o poder que apenas Ele tem, não a Cristo, mas esse homem. Arrogância é a marca deles, Eles querem estar acima de todos e abaixo de ninguém. Desafiam o Diabo, o põe debaixo de seus pés. É o que Pedro diz no que tange à blasfemar as dignidades. Não respeitam ninguém, nem mesmo os anjos. Dizem ter poder de mandar fogo do céu se você os desafiar para mostrar que são homens de Deus. O interessante é que Jesus disse que quem poderia mandar descer fogo do céu para enganar, as pessoas era o Diabo!
d) São nódoas e máculas (V. 13). Esses homens são manchas em nosso meio. Causam nojo, enjôo. Eles mancham o evangelho e a igreja de Cristo.
e) Eles têm os olhos cheios de adultério e são insaciáveis no pecar (V. 14); Conforme nos diz Barclay, “Eles vêem em cada mulher uma possível adúltera e busca saber como seduzi-la”. Vejam que boa parte dos que se arvoram que os maiores homens de Deus, acabam caindo em prostituição. Eles são seduzidos por causa de seu orgulho e, depois que cedem, por não se arrependerem , confessaram e abandonarem seu pecado, se afundam cada vez mais no pecado. É o que Pedro diz, eles se tornam insaciáveis no pecado,não se satisfazem com as doses e buscam cada vez mais doses maiores.
f) Têm um coração exercitado na ganância (V. 14); Seguem o caminho de Balaão, que amou o prêmio da injustiça (V. 15). Descaradamente, fazem o povo se desviar do caminho reto por causa de sua ganância. Pregam a mentira e desviam as pessoas de Deus pensando em obter cada vez mais lucro pela exploração das pessoas, a comercialização da fé.
g) São fontes sem água, névoas levadas por uma tempestade. Pedro diz que aqueles que esperam algo deles acabam por se frustrar e podem até perecer. Imagine as cenas que Pedro descreve:
    Um viajante está no deserto e está precisando urgentemente encontrar água, então vê ao longe um oásis. Ele tem a informação de que há um oásis por ali, mas ainda está muito longe. Sem saber para onde ir, resolve se dirigir para esse oásis, onde deposita toda a sua esperança deescape. Já nas últimas forças, ele chega ao oásis e pensa estar salvo. Contudo, quando percebe, vê que o oásis está seco! Ele se frustra e sabe que está perdido! É isso que ocorre com quem deposita sua confiança nessas pessoas e na sua mensagem.
    Semelhantemente, um agricultor planta suas sementes na esperança de que venha a chuva. O tempo passa e a chuva não chega. Ele tem pouco tempo até que sua plantação feneça. Ele espera muito e já não lhe resta muito tempo. Ele colocou na terra tudo que tinha e se não der certo, não sabe o que fará da vida. Um dia ele avista nuvens vindo, elas parecem ter água. Cria uma enorme expectativa, ele está salvo! Não, não está, não passava de nuvens secas que foram levadas embora pelo vento. Ele está perdido!
2. Obras:
a) Introduzirão encobertamente heresias destruidoras, dentre elas a negação do senhorio de Cristo (V. 1). Seus ensinos parecem ser bíblicos, agradam os ouvidos dos incautos, mas não passam de heresias que vêm para destruir as pessoa, destruir a igreja, destruir o evangelho. Por que as pessoas aceitam? Por que são heresias encobertas. As pessoas não oram, não estudam a Palavra de Deus, como então poderão discernir o certo do errado? O meio pelo qual mais tem entrado encobertamente essas heresias é através das músicas.
b) Promoverão seguidores de suas imoralidades (V. 2). São pessoas completamente desavergonhadas que acabam reproduzindo sua imoralidade na vida de outras pessoas. Mostra de como eles sabem seduzir os outros pelo seu estilo de vida, hoje, é o luxo com que vivem. Não precisamos ir muito longe, basta ver a briga desses homens para saber qual o mais poderoso, o mais popular, o que tem mais seguidores, o que consegue arrecadar mais. Tamanha é a pouca vergonha que agora estão lutando para ver quem consegue ter o melhor, mais luxuoso e mais cara jatinho! Cada “conferência” que fazem, dizem custar um (01) milhão de reais!
c) Causarão a blasfemação do evangelho (V. 2). Não é isso o que mais vemos? A já foi uma das instituições de maior credibilidade, hoje é alvo apenas de blasfêmias em vista de tantos escândalos e roubo descarado dos inconstantes.
d) Blasfemam do que não entendem (V. 12). Segundo Barclay, havia um pensamento judaico de que os anjos teriam seduzido as mulheres e teriam então tido filhos com elas (ver Gênesis 6). Esses falsos mestres justificavam suas vidas dissolutas dizendo que, se os anjos fizeram isso, eles poderiam também. Não sabemos o que exatamente diz essa passagem, não nos parece muito plausível.
Outra coisa que se pode dizer quanto à afirmação de Pedro é que Eles desprezam a vida espiritual. As igrejas que pregam a teologia da prosperidade, confissão positiva e coisas afins não negam a vinda de Cristo, juízo final e coisas do tipo, mas, por outro lado, não se importam com isso, pois focam suas vidas, suas forças, suas pregações e ensinos apenas no que podemos usufruir nesse mundo. Isso é um desprezo pela vida espiritual.
e) Tem prazer em deleites à luz do dia e na festa ágape (V. 14). Eles não tinham mais vergonha alguma. Estavam tão entregues ao pecado, que não se importavam de fazer suas práticas de forma pública, e é isso que temos visto, realmente. Todos estão vendo, o mundo inteiro sabe o que eles dizem e fazem, mas não pensam duas vezes antes de fazer, mesmo na televisão. Falam a mentira como se fosse verdade, e é possível que até eles tenham passado a acreditar em suas próprias mentiras.
f) Engodam as almas inconstantes (V. 14), (ler V. 18). O sábio em Deus, que medita prazerosamente na Palavra de Deus não cai em sua lábia, mas as pessoas não são ensinadas a ler nem tem prazer verdadeiro nas coisas de Deus. Nosso povo anda de igreja em igreja (para não citar outros locais) a fim de, unicamente, resolver seus problemas. Não buscam a Deus, mas a seus próprios interesses. São inconstantes e acabam engodados por esses enganadores. Vejam que Noé não se deixou enganar, pregou a justiça e não se corrompeu como os demais; Ló abominava a devassidão de Sodoma e Gomorra, por isso foi salvo por Deus da destruição.
g) Prometem liberdade, mas eles mesmos são escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo (V. 19). Prometem soluções, vitória, mas são escravos do pecado, de si mesmo, dos prazeres do mundo e do Diabo. Eles não têm o que proporcionar a não ser o mesmo fim para que estão reservados, conforme Pedro nos diz.
3. Castigo:
    Veja o que Pedro fala do fim deles:
a) Terão repentina destruição (V.1);
b) Sua condenação está preparada e não tardará e a sua destruição não dormita (V. 3).
c) Seu castigo é tão certo quanto o dos anjos, da geração de Noé e de Sodoma e Gomorra (4-8).
d) Foram feitos para serem presos e mortos (V 12);
e) Perecerão na sua corrupção (V. 12).
f) Receberão a paga de sua injustiça (V. 13)
g) São filhos de maldição (V. 14);
h) Para eles está reservado o negrume das trevas.
    Conclusão:
Nos versículos 20-22 Pedro passa a advertir os cristãos para que não seguissem os passos e ensinos dos falsos mestres. Ele nos diz:
Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo pleno conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que diz este provérbio verdadeiro; Volta o cão ao seu vômito, e a porca lavada volta a revolver-se no lamaçal.
    Finalizo colocando o que a Diadaquê, que é o ensino dos Apóstolos, escrito ainda no primeiro século, que, dentre outras coisas, falam acerca desses falsos mestres:
1.    Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta.
Esses mestres eram itinerantes, viajavam de cidade em cidade ensinando. Os irmãos hospedavam essas pessoas em suas casas. Caso eles quisessem passar mais de dois dias, estavam interessados em ser sustentados, não em anunciar o evangelho.
2.    Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta.
Quando eles saíssem para ir para outra cidade só deveriam receber comida para se sustentar até chegar lá. Não deviam receber dinheiro, e se o pedisse é porque eram falsos profetas. Jesus disse aos discípulos na grande comissão que só levassem o mínimo necessário.
3.    Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.
Se o ensino deles fosse prejudicial, danoso, não deviam dar ouvidos, mas reconhecessem que era Palavra de Deus, proveitosa, deviam acolhê-los como se o fizessem para o próprio Cristo.
4.    Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta.
Se estivessem pregando dizendo “assim diz o Senhor”, “o Senhor me revela que” e sua conduta não é condizente com um homem de Deus, era mentira, eram falsos profetas. O padrão estabelecido é o do Próprio Cristo.
5.    Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta.
Caso anunciassem que o Senhor tinha revelado que deveriam fazer um banquete e ele comer do banquete é falso profeta. Ele estava interessado em comer, por isso disse. Caso não tenha comido, então demonstra desinteresse, Deus realmente falou.
6.    Todo profeta que ensina a verdade, mas não pratica o que ensina é um falso profeta.
A conduta é o fiel da balança. A conduta deve condizer com o ensino do evangelho.
7.    Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.
Se disserem que Deus lhes revelou que deveriam dar dinheiro ou qualquer coisa a eles, é falso profeta. Se dissessem que deveriam lhe dar para ajudar os necessitados, deveriam confiar neles.
8.    Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!
Caso eles não concordassem com esse ensino apostólico eles eram falsos profetas movidos por sua ganância. Eram “comerciantes de Cristo”. E adverte o que reverbera até hoje e o fará até o Dia de Cristo:
“TENHA CUIDADO COM ESSA GENTE”

SEGUNDA CARTA DE PEDRO CAPÍTULO 3

    Esta explanação foi inspirada pela exposição que fizemos nos programa de rádio “Palavra da fé”, que vai ao ar todo domingo das 22h00min às 23h00min, na rádio 87.9 FM, Rádio Litoral Norte, que pode ser sintonizada ouvida no site WWW.litoralnorte.fm.br.
    A Segunda Carta de Pedro foi escrita para incentivar e alertar os irmãos quanto à chegada de falsos mestres. Vamos fazer um panorama do que Pedro orientou nesta carta, fazendo o sentido inverso. Primeiro falaremos acerca de um dos ensinos enganosos desses falsos mestres quanto à vinda de Cristo (capítulo 3), em seguida falaremos acerca do caráter, das ações e do fim desses falsos mestres (capítulo 2), por último mostraremos o que o Apóstolo nos diz sobre os incentivos de viver de acordo com a fé que recebemos, bem como a que maneira deve ser esse viver.
    Comecemos então com o capítulo 3, que não abordaremos verso a verso, mas de forma tópica.
    Esses falsos mestres, embora cristãos, não apenas negavam a vinda de Cristo, mas também escarneciam dos que criam nela. É o que nos diz os versos 3 e 4:
Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.
    Os falsos mestres, que andam guiados por seus próprios desejos carnais, só pensavam no que podiam desfrutar desta vida, desprezando a vinda de Cristo. Eles afirmavam que o mundo sempre foi assim, e que nada mudaria. Por que eles insistiam nesse pensamento? Bem, sendo o Dia de Cristo o mesmo que é descrito acerca do Dia do Senhor, no antigo testamento, será um dia de juízo, onde Deus julgará todos os homens por seus, atos, pensamentos e desejos, suas palavras e omissões. Não é algo confortável para pessoas que defendiam que o pecado não nos contaminava, como estes mestres, como veremos no capítulo 2 e como corroboram as epístolas de João e Judas. É mais fácil viver em dissolução se crermos que não seremos punidos por isso. Vejamos o que nos diz o versículo 10: “Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas”. Eis aí o Dia de Cristo.
    Contudo, podemos identificar alguns argumento de Pedro que nos dão certeza de que esse dia é certo:
1) 3.5,6 A Palavra de Deus é verdadeira: quando disse “faça-se”, tudo se fez.
Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água;
2) 3.7 A palavra de Deus sustenta toda a criação.
Mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios.
3) 2.4: Deus não poupou os anjos que pecaram.
Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo
4) 2.5: Deus não poupou os homens dos dias de Noé.
Se não poupou ao mundo antigo, embora preservasse a Noé, pregador da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios;
5) 2.6: Deus não poupou Sodoma e Gomorra e as cidades vizinhas
Se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem impiamente;
6) 1.19: profetas anunciaram esse dia.
E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações;
Pois o dia do SENHOR está próximo para todas as nações. Como você fez, assim lhe será feito. A maldade que você praticou recairá sobre você (Ob 1.15).
Enoque, o sétimo a partir de Adão, profetizou acerca deles: “Vejam, o Senhor vem com milhares de milhares de seus santos, para julgar a todos e convencer todos os ímpios a respeito de todos os atos de impiedade que eles cometeram impiamente e acerca de todas as palavras insolentes que os pecadores ímpios falaram contra ele” (Jd 14,15).
7) 1.16-18: Jesus anunciou esse dia (palavra de Jesus confirmada pelo próprio Deus).
Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós fôramos testemunhas oculares da sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando pela Glória Magnífica lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; e essa voz, dirigida do céu, ouvimo-la nós mesmos, estando com ele no monte santo.
Jesus lhes disse: “Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel (Mt 19.28).
Pois o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então recompensará a cada um segundo as suas obras (Mt 16.27).
8) 3.2: os apóstolos anunciaram esse dia.
Para que vos lembreis das palavras que dantes foram ditas pelos santos profetas, e do mandamento do Senhor e Salvador, dado mediante os vossos apóstolos (Mt 16.27) ;
Vejamos ainda algumas considerações de Pedro:
1) 3.8 Deus estabeleceu Seu tempo.
Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.
2) 3.9 Se parece demorar é para dar oportunidade de arrependimento.
O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se.
3) 2.9,10: salvará os justos e condenará os ímpios (justos: justiça de Cristo).
Também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados;
4) 3.11 Santidade e piedade (propriedade de Deus e conduta correta diante de Deus).
Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade.
5) 3.12-13 Aguardando e desejando sua vinda e novos céus e novas terras (Ap 21.1,5).
Aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça.
6) 3.14 Imaculados, irrepreensíveis e em paz.
Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas, procurai diligentemente que por ele sejais achados imaculados e irrepreensível em paz;


2 Co 5.17: Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!
Rm 8.11: E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês.
Ap 21.5: Aquele que estava assentado no trono disse: “Estou fazendo novas todas as coisas!” E acrescentou: “Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança”.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Para que fomos salvos?



     A carta de Paulo aos Romanos aborda a tão grande salvação ofertada por Deus aos homens. Do capítulo 1 ao 3 vemos Paulo argumentar que todos os homens estão debaixo da ira de Deus, sejam Judeus, que receberam a revelação de Deus, quanto os gentios, que deveriam ter reconhecido o criador pela manifestação de Sua glória na natureza e pela acusação de suas próprias consciências. No capítulo 4 e parte do 5 do vemos o argumento de Paulo acerca da justificação pela fé, onde utiliza a figura de Abraão. No capítulo 5 vemos o contraste entre Adão e Cristo e ambos como representantes de toda a humanidade. Os capítulos 6 e 7 mostram a luta entre carne e Espírito e que o homem deve, por causa da grande graça de Deus, se apartar do pecado e buscar viver em novidade de vida. O capítulo 8 fecha o pensamento dos capítulos 6 e 7 mostrando a nova vida em Cristo e a certeza da salvação e da glória futura, que, em parte, já é desfrutada aqui.
     Os capítulo 9 a 11 mostram a soberania da vontade de Deus quanto à salvação e o futuro de Israel. Do capítulo 12 ao 14 vemos a decorrência da salvação na prática de vida dos salvos: vivem não de acordo com o padrão do mudo, mas, subordinados à Deus, vivem nova vida, que é demonstrada no amor servil pelos irmãos, através do empenho no desempenho dos dons recebidos de Deus. Além disso, vivem como cidadãos exemplares e se compadecem dos fracos na fé. O capítulo 15 fecha este pensamento, demonstrando o exemplo de abnegação de Cristo, seguindo fala de seu próprio exemplo. A carta é encerrada com recomendações, saudações e votos.
     Vejamos mais detidamente o capítulo 12 da carta, até o versículo 8, que para fins de entendimento, subdividimos em quatro partes:
     12.1-2: Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
     Paulo usa a expressão “rogo-vos”, para destacar o grau de importância do que ele vai orientar. Eles deveriam estar muito atentos. “Pois” é a conclusão de toda a exposição feita até o fim do capítulo 11 e mostra que o que Paulo vai dizer a partir de agora é decorrência disso. “Pela compaixão de Deus” refere-se à grandiosa graça efetuada por Deus na salvação é a razão de eles fazerem o que Paulo vai passar a orientar.
Paulo orienta aos cristãos de Roma que deveriam fazer duas coisas: apresentar-se a Deus como sacrifício e transformar-se.
     Apresentar o corpo a Deus se refere à entrega de todo ser a Deus. Na antiguidade, as pessoas fariam oferendas aos deuses a fim de obter seu favor, fosse concedendo alguma dádiva ou livrando dos infortúnios. Aqui, Paulo orienta que, não para obter favor, mas por causa do favor já recebido, a única resposta razoável era oferecer não animais, mas a si mesmos. Deveriam entregar todo o ser a Deus, por isso esse sacrifício é “vivo”. O indivíduo deveria conservar sua vida unicamente para Deus, por isso, o sacrifício é “santo”, exclusivo. Deveriam fazer isso não da forma que entendiam que deveriam fazer, mas da maneira que Deus exige para aceitar, por isso, “agradável a Deus”.
     Diante disso, vemos que Adorar é oferecer a Deus a vida inteira diariamente. Nessa perspectiva, não se vai à igreja para adorar (lá também se faz isso), mas deve-se adorar a todo instante e em todo lugar, através de toda ação, palavra ou pensamento. Essa concepção transforma radicalmente nossa visão acerca da vida, da igreja, de nós mesmos, dos outros, de adoração.
     A segunda coisa que deveriam fazer era não se moldar ou se conformar ao mundo. Uma vez que Paulo mostrou a maneira de viver do mundo ainda no capítulo um, onde os homens substituíram (literalmente “afogaram”) a verdade de Deus e substituíram pela mentiram. O mundo vive guiado por uma natureza que despreza o criador. Aquele que agora foi resgatado por Deus para viver em novidade de vida não deve mais seguir os padrões de sua velha maneira de viver, mas viver de acordo com a nova criação que há de vir, se transformando pela renovação da mente. Isso fala não de mudanças externas, mas da essência do ser.
     Paulo acrescenta um motivador: “para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Vemos que o desejo humano é alcançar a satisfação plena, a felicidade, contudo ele não abre mão de fazê-lo por seus próprios meios, seus próprios caminhos. No entanto, a felicidade só é alcançada no próprio Deus, seguindo a maneira de Deus de pensar e fazer as coisas. O problema do homem é ele vive uma vida centrada em si mesmo. Deus, no novo nascimento, desfaz a egolatria humana, mudando a essência interior e torna Cristo o centro de nossa vida.
     12.3: Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um.
     Observemos que Deus elogiou Jó exatamente por buscar a Deus e desviar-se do mal. Em essência, é o mesmo que Paulo aqui. A felicidade só é alcançada em Deus, mas o homem rejeita a Deus e põe a si mesmo no lugar. Por isso Paulo se utiliza do encargo recebido por Deus para dizer que não sejam assim, pois, se isso faz o homem não pensar em Deus nas coisas que pensa, diz e faz, também não o fará em relação a seus semelhantes. Se Deus é desprezado, as pessoas também serão. Os cristãos devem pensar menos de e em si mesmos e agir de acordo com a fé recebida de Deus.
     Isso é confirmado em outras passagens como Rm 12.6b: “não seja sábio aos seus próprios olhos”. O Salmo 19.13 diz: “Também de pecados de presunção guarda o teu servo, para que não se assenhoreiem de mim; então serei perfeito, e ficarei limpo de grande transgressão”. Cada um deve ter um espírito humilde para se deixar conduzir e governar por Deus.

     12.4-5: Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros.
     Os versículos 4 e 5 confirmam o que comentei acerca do versículo três. Porque Paulo diz que nosso ego deve ser controlado por Deus? Porque Ele nos constituiu um só corpo. Paulo faz uma analogia entre a igreja e o corpo humano, como fez também em 1 Coríntios 12  e Efésios 4. Aprendemos algumas coisas com isso:
     1. Se somos corpo de Cristo, somos suas mãos, seus pés, seus olhos, etc., ou seja, é por meio de nós que Cristo age no mundo. Somos seus instrumentos. Acerca disso sugiro que ouçam a música “if we are the body” da banda “casting crowns”.
     2. Não somos guiados por nós mesmos, mas pela cabeça, que é Cristo. Ele é quem comanda toda ação dos membros de Seu corpo. Um membro que não recebe ou não obedece o comando enviado pelo cérebro demonstra grava distúrbio.
     3. Estamos todos ligados uns aos outros por meio de Cristo, portanto, somos membros não só de Cristo, mas uns dos outros. Em outras palavras, não servimos apenas a Cristo, mas, em conseqüência, uns aos outros. Basta ver o que Paulo diz no segundo capítulo da carta aos Filipenses.
     12.6-8: De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria.
     Há alguns ensinos importantes aqui:
   1. Devemos nos conhecer, saber de nossas capacidades, habilidades, e não invejar a dos outros.
  2. Os dons não provenientes de mérito humano, mas são dádivas de Deus. Não devemos desprezá-los, mas desenvolvê-los;
   3. A grandeza dos dons não está ligada à sua visibilidade, mas à sua utilidade em servir (1 Co 12-14).
   4. O objetivo dos dons não é se destacar ou ser recompensado. Deve-se exercê-lo com dedicação, alegria e liberalidade para glória de Deus e para servir aos irmãos.
  5. O dom não substitui o esforço, nem o esforço é o mesmo sem o dom. Deus concedeu dons para usarmos, ao mesmo tempo devemos usar da melhor maneira possível.
     Conclusão:
     Aqui encerro minhas observações dizendo que a conseqüência da salvação não é meramente ir para o céu, como se costuma colocar, mas fazer de nós nova criação. Essa nova criação já revela um pouco de como será a nova criação de todas as coisas mostradas, por exemplo, no final do livro de Apocalipse.
    Uma vez que fomos regenerados, devemos viver em novidade de vida. Essa novidade de vida se desenvolve quando passamos a nos relacionar com Deus, e em conseqüência, com as pessoas, não de acordo com o modo egoísta e individualista do mundo, mas da maneira de Deus. Fazemos isso, dentre outras coisas, utilizando os dons que Deus nos deu com alegria, liberalidade e dedicação para a glória de Deus e para servir aos irmãos.
     Deixo aqui duas indicações de leitura: Renovação do coração, de Dallas Willard; e Finalmente Vivos, de John Piper.
    Conforme, inspirado por Deus, nos orientou o Apóstolo Paulo: “Assim, pois, sigamos as coisas que servem para a paz e as que contribuem para a edificação mútua” (Rm 14.19).